Louça da Discórdia e a Espuma da Paz – Capítulo 27

No fim de tarde, a cozinha parecia um campo de guerra. Pratos empilhados, talheres amotinados e panelas que contavam histórias de banquetes passados. A Rainha, de avental e sobrancelha arqueada, lança um olhar afiado:

— Disse que lavaria a louça ontem, meu Rei…

Ele, com sua diplomacia poética, responde:

— Ontem? Ah, mas ontem eu estava ocupado… sonhando contigo.

Ela não contém o riso, mas finge firmeza. Entrega-lhe a esponja como quem oferece uma espada.

Começa a batalha: água contra água, espuma contra distração. E quando ele espirra sem querer um jato em sua direção, a Rainha contra-ataca com um toque de sabão no nariz real.

Entre risos e respingos, a discórdia se dissolve.

— Paz? — ele pergunta, estendendo a mão com sabão entre os dedos.

— Só se me enxugar depois, ela responde, com brilho nos olhos.

E assim, entre pratos lavados e corações ensaboados, o Reino de Veramor provou que até na louça mora o amor — quando o riso é a espuma que cobre tudo.

Louça da Discórdia e a Espuma da Paz – Capítulo 27